Foto:Orlei Silva
Apaixonado como poucos, o santista de 49 anos de idade, conseguiu realizar com sucesso o “casamento” dos pesados caminhões que povoavam sua imaginação desde pequeno, com o mundo das corridas de alto nível. Seu sonho de tirar dos “pesadões” a condição de mero coadjuvante nas competições e transformá-los em autênticos protagonistas tornou-se realidade ao fruto de árduo e ininterrupto trabalho.
O mesmo coração apaixonado, responsável pelo indiscutível sucesso da Formula Truck no Brasil, traiu Aurélio Felix durante a etapa de abertura da temporada 2008, realizada no domingo (2/03) no Autódromo de Guaporé (RS). Três infartos seguidos do miocárdio levaram Felix para a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital São Vicente naquela localidade, onde foi submetido a uma angioplastia coronariana e iniciava o processo de recuperação. No inicio da noite desta quarta-feira o quadro clinico se de Aurélio Batista Félix agravou e uma forte hemorragia estomacal acabou levando Aurélio a óbito.
Uma perda irreparável para o mundo dos esportes motorizados que tomado de surpresa une-se aos familiares e amigos próximos no pranto e na dor, como demonstra a nota oficial da CBA- Confederação Brasileira de automobilismo que reproduzimos abaixo na íntegra:
É com um sentimento de profunda tristeza que, em meu nome pessoal e de todos os membros da Confederação Brasileira de Automobilismo, dirijo-me à esposa Neusa e aos filhos Danielle, Gabrielle e Aurélio Jr. para expressar a nossa profunda dor pelo falecimento do Amigo e Parceiro Aurélio Batista Félix.
É muito difícil, numa hora dessas, falar de um Amigo tão caro e de um Empreendedor tão apaixonado como o Aurélio. A Fórmula Truck, para ele, não era apenas um negócio, mas a sua própria vida e a ela dedicou cada segundo de seus últimos anos para fazer da categoria esse verdadeiro show de competitividade e popularidade na qual se transformou.
Tive a honra de ser distinguido por ele com um carinho especial e sempre as nossas conversas vertiam sobre o futuro e o crescimento do nosso automobilismo. Aurélio sempre foi assim, nunca deixando que a dificuldades o abatessem. Razão e coração sempre estiveram voltados para a prática de fazer automobilismo, sempre preocupado em fazer mais e mais para um esporte sempre melhor.
A sua capacidade de trabalho por vezes era traída por problemas de saúde, mas sempre conseguia uma maneira de superar também esses obstáculos e seguia em frente. E o seu show antes da largada, mesmo que ele não estivesse no melhor de suas condições físicas, acontecia assim mesmo. De origem pobre e com as marcas que a vida lhe impôs para chegar onde chegou, Aurélio sabia que o seu show calava fundo no coração dos fãs da Truck e principalmente nos das crianças. Ele via em cada rosto encantado com as suas manobras, de uma maneira ou de outra, o menino que ele foi um dia, inebriado pela magia de um caminhão de várias toneladas e a sua figura imponente nas estadas do Brasil.
Aurélio Batista Félix não fez somente corridas. É injusto classificá-lo unicamente como um promotor. Aurélio foi um desbravador, uma personalidade de enorme coragem, dono de um coração tão transbordante de generosidade que nem mesmo os acessos de irritação permitiam esconder. Como falar da perda de um homem que fazia tudo com tanta emoção, dedicação e profissionalismo? De tão apaixonado pela sua Fórmula Truck, conduzia-a da maneira mais personalizada possível e sempre com um pensamento na cabeça: fazer o povo feliz.
Não há palavras para definir um homem que não tinha o lucro e a projeção pessoal como metas. Seu objetivo era fazer seu público feliz. E, agora, ao lado de Deus, vai ficar da mesma forma, com o coração transbordando de emoção, zelando pela Fórmula Truck e pelo povo que tanto ama.
Pessoalmente, orgulho-me em ter colaborado como amigo deste homem ímpar sob todos os aspectos. Eu perdi um grande amigo e o automobilismo um grande parceiro.
Paulo Enéas Scaglione