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Editorial - Quando a cabeça não pensa, o corpo padece

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To be, or not to be... This is the question - Imagem: Planet Kart
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Nesta quinta-feira foi divulgado pela assessoria de imprensa do Campeonato Paulista de Kart que as categorias Senior, Super Senior e Novatos, não participarão da primeira etapa do certame regional paulista que pretende em 2009 retomar sua pujança, em razão da “dificuldade” dos fornecedores de motores em entregar em tempo hábil os propulsores “encomendados” desde 2008.

 

 

Embora “minimizada” em seu impacto, a noticia é alarmante e deixa claro que os kartistas tupiniquins estão reféns do amadorismo com que é tratado nosso kartismo de competição no Brasil, justamente o kartismo de alto rendimento que, teoricamente, deve formar as novas gerações de pilotos que defenderão em algum momento a gloriosa bandeira verde-amarela nas pistas internacionais.

Segundo a lamentosa nota informativa, a categoria Novatos não deve ter vez na etapa de abertura do Campeonato Paulista, posto que a empresa Riomar não conseguiu produzir e entregar os motores que propôs para ser utilizado nesta temporada pela categoria (inclusive nos certames nacionais). Essa franca desídia, naturalmente, também terá reflexos em outro grande certame regional, a Copa São Paulo Light de Kart, já que os motores fornecidos pelo critério de sorteio pela empresa RBC para as categorias Sprint, Senior e Super Senior serão exatamente os mesmos e a RBC já acusa o golpe no fígado, assinando que mesmo tendo encomendado no ano passado seus propulsores, até o momento não os recebeu.

Fica pior ainda se imaginarmos que a primeira etapa classificatória da Seletiva de Kart Petrobras ocorrerá justamente na primeira etapa do Light, que parece já estar “comprometida” pela falta de motores.

Pois bem, as mesmíssimas dificuldades encontradas nos tramites burocráticos de importação de motores e componentes pela atual representante dos motores Parilla no Brasil – leia-se a empresa gaúcha MG – era encontrada no passado pela antiga representante - a paulista IameSud -. A única diferença de dantes com agora fica por conta da “sensibilidade” dos organizadores e dirigentes que agora “entendem” o problema de não poder se contar com os propulsores escolhidos desde o ano passado para equipar algumas categorias pelas Terras de Santa Cruz.

Lamentam e fica por isso mesmo...

No passado Waltinho Travaglini, que representava a marca no Brasil e tem a alguns anos motores e componentes “retidos” pela Receita Federal e, ainda, mesmo não sendo mais o representante da fabricante italiana no país, responde judicialmente – com ônus próprios – pelos erros de remessas do fabricante, não teve a mesma complacência dos “cartolas” e muitas vezes teve a utilização dos equipamentos que mercanciava preteridos em favor da utilização de outro fabricante, que tinha maior “capacidade técnica” de entregar seus produtos.

Aliás, esse mesmo fabricante está dando claras mostras nesse momento de incapacidade técnica em suprir o mercado com o propulsor que foi apresentado pela mídia como “salvação da lavoura”, mas que sequer é homologado pela CIK/FIA.

Well, a indagação que cabe no momento é a de que se é para usarmos motores “genéricos” só porque são tecnicamente “mais modernos”, a solução já estava bem sob as barbas de todos, já que o motor chinês Fireball, importado por Paulo Carcasci - já está no solo pátrio há mais de dois anos e em quantidades suficientes para suprir a demanda. Em situação idêntica ficam os motores Parilla X-30, largamente utilizados na Copa São Paulo de Kart Granja Viana e em vários certames espalhados pelo Brasil, que podem ser adquiridos em qualquer botequim especializado em kart.

Bem, alguém muito “sábio” dirá que esses motores são “limitados” e o que se precisa é de um motor de maior desempenho que os Fireball e os X-30.

Uau!!!

A solução para essa equação ainda está dentro do nosso quintal, já que ao invés de se sucatear em definitivo os motores refrigerados a ar - até então largamente utilizados nas competições nacionais e regionais -, algumas empresas competentes (e idôneas) como a PPK e a Moa Kart Motor contam com kits para adaptação de qualquer modelo Parilla, ou Riomar, para utilização com refrigeração liquida.

São motores sem limitação, refrigerados a água e, o melhor de tudo, com baixíssimo custo para pilotos e equipes, que podem dar um “up-grade” aos equipamentos guardados nas oficinas, sem terem de gastar o rico dinheirinho na compra de novos motores, que só Deus sabe por quanto tempo serão os “oficiais”, já que 2009 é ano de homologação de motores pela CIK/FIA e, certamente, teremos em 2010 boas novidades disponíveis no mercado.

Apenas a empresa Moa Kart Motor conta com 35 unidades prontas e disponíveis no mercado desses motores, que já foram utilizados em 2008 com sucesso nos campeonatos Ituano de Kart e Campeonato Paranaense de Kart e que podem ser comprados, ou locados, por qualquer incauto que tenha se apaixonado pelo desporto em cima dos micromonopostos.

O “problema” de falta de motores que ora ameaça os grids de dois dos pricipais certames regionais do país estaria plenamente resolvido – e de forma bem mais barata -, “premiando”, de quebra, os mesmos fornecedores que agora não conseguem suprir o mercado, com vendas de peças e componentes para o “up-grade” das usinas de força.

Todos sairiam alegres e felizes. Mas com o problema instalado, ou se admite que quando a cabeça não pensa, o corpo padece, ou existem interesses outros nessa história toda, que não podem ser o objeto de divulgação.

Pior seria imaginar que quem faz o kart acontecer, na verdade não entende nada de kart...

Última atualização ( Sáb, 24 de Abril de 2010 05:35 )