Você está Aqui: Início

GP Brasil - Assassinando o camarão

E-mail Imprimir PDF

clique para ampliar
Imagem: Planet Kart
Foto:
Faleceu e foi sepultado na estância de Itu o GP Brasil de Kart. A noticia laconicamente divulgada no inicio desta semana já era objeto de boatos nos boxes de Curitiba - durante a segunda fase do Campeonato Brasileiro de Kart – e com uma interminável seqüência de “explicações”, desmentidos e “contra-informações” tem se mostrado mais intrincada de se entender que os mistérios de Agatha Christie, Conan Doyle, ou mesmo de Edgar Allan Poe.

Para quem não é lá muito afeito ao kartismo tupiniquim, ou se preocupa mais em apenas acelerar do que como é gerido nosso esporte, o GP Brasil de Kart foi criado em 2007 pela Comissão Nacional de Kart, departamento da Confederação Brasileira de Automobilismo que dirige os destinos da modalidade em micromonopostos no Brasil, para colocar em evento único o Campeonato Brasileiro de Shifter Kart, o Campeonato Brasileiro de Kart Endurance e “lançar” duas novas classes nacionalmente, uma equipada com os motores Fireball trazidos ao solo pátrio por Paulo Carcasci e outra, com o propulsores Vortex Rok, importados pela mineira RBC. Para regar esse “molho” batido em liquidificador foram inseridas na programação as categorias Mirim e Cadete, garantia de “receita” e bons grids em qualquer evento.

Para sorte dos participantes, a pista politicamente escolhida foi o bem estruturado Kartódromo Arena Schincariol, em Itu, que passava a ter sustentáculo direto da então gestão da Confederação Brasileira de Automobilismo e prometia voltar aos dias de gloria vivenciados em uma edição do Campeonato Brasileiro de Kart, um Mundialito de Kart e duas edições da 24 Horas de Kart.

Mas, no ano seguinte, por uma módica “barbeiragem” da Comissão Nacional de Kart na “formatação” do Campeonato Brasileiro de Kart Endurance, o certame acabou “falecendo” às vésperas da edição de 2008, por falta de concorrentes interessados na continuidade de uma categoria que teve seu inicio em decorrência da iniciativa de pilotos e equipes especializados nos resistentes “four stroke”.

Para quem não sabe, competidores de todo o Brasil, equipes e adeptos da modalidade, através da associação K4T, com a liderança natural do saudoso esportista paranaense Paulo Freitas, do piloto/empresário paulista Marcelo Richter e do gaúcho Johnny Bonilla – criador do Velopark -, haviam conseguido “uniformizar” nacionalmente o regulamento técnico da classe, “formatar” um belíssimo evento - em que a corrida seria mero pano de fundo – e “presentearam’ a CNK com o projeto daquilo que pretendiam ver funcionando oficialmente. O projeto inicial foi descaracterizado e após mais alterações substanciais acabou caindo no desinteresse da maioria dos desportistas adeptos dos velozes “moedores-de-cana”.

A categoria Rok também não despertou interesse, virando um belo e caro “mico” nas mãos da RBC, enquanto os Fireball ainda tateiam por seu espaço nas pistas tupiniquins, embora com maior sucesso que os Vortex Rok.

Mas a Shifter Kart cresceu, tornou-se pujante e embora o único campeonato regular da categoria seja disputado no Kartódromo Granja Viana, é certo que por todo o país pilotos e equipes contem com o equipamento, que é largamente utilizado em treinamentos por pilotos que “vivem” o automobilismo de competição.

Como categoria de notório sucesso, é claro, a Shifter Kart deveria ter sido inserida na programação da segunda fase do Campeonato Brasileiro de Kart, em Curitiba, mas sabe-se-lá-por-que a CNK preferiu fazer em seu lugar uma “mini” Copa Brasil com as categoria F4, Super F4 e Parakart, já que ao invés da tradicionais quatro baterias para cada classe, as novas “enxertadas” contaram com apenas duas provas cada. Isso era o lógico, o axiológico, mas em política a lógica nem sempre é seguido e a Shifter Kart ficou de fora, para ter seu “brazuca” no já dilacerado GP Brasil de Kart, novamente marcado para acontecer em Itu.

De tudo isso, o certo é que, aparentemente por uma velada “vendetta” política o GP Brasil de Kart deixou de existir – lembrem da intrínseca relação do ex-Presidente da CBA com o circuito ituano – e, com ele, o risco da morte prematura do Campeonato Brasileiro de Shifter Kart.

Desse verdadeiro “imbróglio” informativo que pulula nos veículos de mídia nesta semana a letra de um antigo samba do grupo Originais do Samba emerge à lembrança e, como uma luva, dá eco à duvidas dos kartistas brasileiros:

Originais do Samba: Tragédia no Fundo do Mar (Assassinaram o Camarão)

Assassinaram o camarão

Assim começou a tragédia no fundo do mar

O carangueijo levou preso o tubarão

Siri sequestrou a sardinha

Tentando fazer confessar

O guaiamu que não se apavora

Disse: eu que vou investigar

Vou dar um pau nas piranhas lá fora

Voces vão ver, elas vão ter que entregar

Vou dar um pau nas piranhas lá fora

Voces vão ver, elas vão ter que entregar

Logo ao saber da notícia a tainha tratou de se mandar

Até o peixe espada também foi se entocar

Malandro foi o peixe galo

Bateu asas e voou

Até hoje eu não sei como a briga terminou

Malandro foi o peixe galo

Bateu asas e voou

Até hoje eu não sei como a briga terminou

Claro, nesse “aquário” faltaram alguns personagens importantes, como o indefectível “bagre-ensaboado”, ou o popular peixinho nacional, o Robalo...