Editorial – Pato Branco merece um Brasileiro de Kart

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Estamos às vésperas da edição 2010 do Campeonato Brasileiro de Kart, que terá como praças o Kartódromo Internacional de Volta Redonda (RJ), para a primeira fase do certame, na qual disputarão o titulo máximo os pilotos das categorias Mirim Cadete, Super Cadete, Junior Menor, Junior, Novatos e F-4 e, para a segunda fase do certame, o Kartódromo Arena Sapiens (SC), que verá a cristalização dos campeões nacionais das categorias Graduados, Sênior A, Sênior B, Super Sênior, Shifter Junior e Super F-4.

Polemicas à parte, a categoria Shifter Kart - prevista para ter suas disputas na primeira fase de Volta Redonda – já “decretou” que dará W.O. no evento chapa branca da CBA, posto que os pilotos e equipes dessa classe entendem que a pista é muito travada e não oferece a segurança necessária para lá competirem.

É certo que Clayton Pinteiro, presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo tenha propalado aos quatro ventos que após o Brasileiro de 2009 em Goiânia nunca mais decidiria uma praça desportiva por critérios políticos, mas também é certo que pelas informações dos “principais interessados”, ou seja, pilotos e equipes que lá treinaram, o Kartódromo Internacional de Volta Redonda não é um oásis de felicidade, mas está praticamente em condições de receber os melhores pilotos do Brasil. O “praticamente” fica por conta de alguns “detalhes” como locação de boxes e área de estacionamento, que somente poderão ser vistas na semana de corridas. O empenho para isso mostrado pela Prefeitura Municipal local, FAERJ, administração do kartódromo, kart clube e até pilotos fluminenses é o que faz acreditar que tudo estará pronto no tempo certo.

De qualquer forma, dizer que Volta Redonda é inseguro é tripudiar da inteligência mediana de quem acompanha de perto o kartismo. Afinal, a categoria é estabelecida no Kartódromo Granja Viana, que modifica ao longo da temporada os traçados utilizados nas etapas do certame regional e muitos desses traçados são extremamente travados – alguns até com exígua área de escape -, mas todos acham lindo e exultam que é assim que se mostra quem verdadeiramente pilota.

Saliente-se que grande parte dos pilotos dessa categoria competem anualmente nos EUA no SKUSA, evento montado em uma pista improvisada no estacionamento de um hotel-cassino em Las Vegas e que conta até com Michael Schumacher no grid. Correm em um piso extremamente irregular, em meio a pneus e barreiras plásticas e simplesmente a-do-ram!

Fica claro, que a leitura ponderada dessa “détente” é que na verdade os pilotos e equipes da Shifter Kart preferiam competir em Florianópolis, quer seja por contar com um circuito mais moderno e veloz – desenhado por Lucas Di Grassi e longe dos projetos insípidos de Hermann Tilke -, quer seja pela beleza natural de Florianópolis, onde desejavam também “passear” com seus familiares.

Bem, o Arena Sapiens barriga-verde também ainda não é um primor de kartódromo. Se dos muros (que estão sujeitos a cair, pois não possuem uma mísera coluna de amarração, tornando-se uma perigosa pilha de tijolos em quais todos estarão debruçados) para dentro a pista é belíssima e decantada pelos pilotos como a melhor do Brasil, dos inseguros muros para fora ainda não existe nada!

Também é certo que os organizadores locais “prometeram” completar as obras de infra-estrutura até o Brasileiro, o que significa que pilotos, equipes, profissionais do meio e publico, terão os até agora inexistentes banheiros, boxes, Secretaria, Torre de Cronometragem, sala de imprensa, lanchonete, estacionamento ao menos cascalhado e etc. O exemplo preocupante é que na segunda etapa do Sul-Brasileiro de Kart lá disputada nada disso existia e jocosamente todos falavam que estavam na “Belíndia”, pois o kartódromo tinha uma parte que era a Bélgica (a pista) e outra que era a parte pobre da Índia.

Nunca é demais lembrar que os organizadores locais são “cartolas”, nada mais que a versão desportiva de políticos e como tal, sempre afeitos a descumprirem as promessas.

Nada disso é novidade e brasileiros que somos, sempre ufanos e esperançosos, acreditamos piamente que o Campeonato Brasileiro de Kart de 2010 será um marco na retomada do crescimento verdadeiro da modalidade no Brasil. Tem tudo para ser. E se organizadores locais, CBA e CNK buscam equacionar as questões que lhes cabem, aos desportistas e profissionais do meio cabe, sim, desarmar o espírito e lembrar de elogiar o que está bom, ao invés de só criticar o que ainda não está.

 

Por outro lado, o Campeonato Sul-Brasileiro de Kart de 2010 nos revelou uma grata surpresa, “escondida” no sudoeste do estado do Paraná. A terceira e ultima etapa do certame também “chapa branca” foi desenvolvida no Kartódromo Ayrton Senna da pujante cidade de Pato Branco.

 

 

 

Para quem não conhece o circuito, sua orografia (disposição de relevo) lembra bem a do Kartódromo Granja Viana, com subidas e descidas. Com um tapete asfáltico exemplar, nove metros de largura e 1.050 metros de extensão e “zebras” impecáveis, a pista está situada dentro de um parque municipal e ótima infra-estrutura. É uma pista altamente técnica, mas ao mesmo tempo desafiadora e veloz, daquelas em que a qualidade de pilotagem certamente faz a diferença.

Segundo informou Zulmir Bertuol, o incansável presidente do Kart Clube local - afirmativa confirmada pessoalmente pelo Prefeito Municipal, Roberto Viganó – resta ainda a construção de novos boxes, de um novo Parque Fechado, de prédio para estrutura administrativa (Secretaria, salas de Comissários e Sala de Imprensa) e de um restaurante com um deck para de lá também serem acompanhadas as provas. É muito pouco, perto de tudo que já foi criteriosamente feito e que já faz do Kartódromo Ayrton Senna da Silva um dos melhores do Brasil.

Aliás, alguns detalhes da cuidadosa organização da etapa do Sul-Brasileiro em Pato Branco deveriam ser tomadas como exemplo por outros circuitos, para outros eventos. O trabalho de sinalização de pista (bandeirinhas) é feito de maneira exemplar desde 2006 pelo Grupo de Escoteiros Primavera, também responsável pelo “protocolo” de hasteamento das bandeiras. As costumeiras multas pecuniárias impostas aos pilotos descumpridores das regras, em todo o Estado do Paraná são aplicadas em cestas básicas, entregues a entidades carentes da região e o sempre “complicado” serviço de alimentação foi feito sem as habituais caras-feias e rosnados de aparentados e apaniguados dos cartolas locais, já que entregue para exploração ao Rotary Club, que além do simpático atendimento e boa cozinha, ainda destinava os lucros para entidades carentes. É o exercício do óbvio, que parece nunca ninguém lembra de colocar em pratica!

A bela e hospitaleira cidade de Pato Branco conta com ótima estrutura hoteleira, bons restaurantes e, também bons passeios turísticos. Bonita, organizada e extremamente limpa, a cidade de Pato Branco e o Kartódromo Ayrton Senna fazem por merecer ser a sede de uma das fases do Campeonato Brasileiro de Kart.

Também deve-se salientar que a Federação Paranaense de Automobilismo é hoje a que mais pilotos tem filiados no Brasil e os certame regionais em Pato Branco arregimentam grid com mais de 90 karts à cada etapa. Um ótimo contingente ávido em participar, ou ao menos acompanhar de perto para aprender bem, de um Campeonato Brasileiro de Kart. São dados que devem ser levados à conta na hora de mensurar as opções de escolha das sedes do certame máximo nacional e que nem de longe podem ser desprezados em favor de eventuais interesses políticos.

Decerto o presidente Rubens Gatti, da FPrA- Federação Paranaense de Automobilismo e, também, da CNK- Comissão Nacional de Kart, por seus pudores pessoais de não querer que haja confusão entre um pleito de sede por méritos e um pleito de sede pelo “peso” de seus cargos, (ainda) não solicitou à CBA- Confederação Brasileira de Automobilismo que Pato Branco seja uma das “concorrentes” à sede do Campeonato Brasileiro. Mas isso hoje é fato superado e quem já teve o grato prazer de correr no Kartódromo Ayrton Senna quer competir o nacional em Pato Branco.

O clamor aumenta dia a dia e, presidente Pinteiro: A “vox populi”, é “vox dei”!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Última atualização ( Sex, 02 de Julho de 2010 22:18 )