Espírito Santo – 2010: O Ano que não terminou

Imprimir

( 7 Votos )

O jornalista Zuenir Ventura em sua célebre obra literária “1968: o Ano que não terminou”, retratou os fatos que marcaram o conturbado ano de 1968 no Brasil e no mundo que culminaram na edição do Ato Institucional Número 05 (AI-5). A obra me inspirou a descrever, em breves linhas, o desassossego causado pela atual administração do automobilismo no Espírito Santo.

Hoje com 68 anos de idade e com 54 anos de prática do automobilismo e motociclismo, continuo em plena atividade praticando exclusivamente o kartismo. Sou fundador da Associação Espiritosantense de Pais e Pilotos de Kart – ASSEPAK, e construi com minhas mãos e colaboração de uns poucos o Kartódromo Internacional de Serra – KIS, inaugurado em 1994.

Mesmo com tanta experiência acumulada ao longo dos anos e mesmo com os dez incômodos anos que passamos sem uma FAU no estado, nunca na história do esporte capixaba passamos por período de total instabilidade jurídica, de farsas, perseguições, multas e sinismos a ponto de não termos o fim do Campeonato Capixaba de Kart de 2010 e de perdermos a Copa Sudeste de Kart, por um ato irresponsável e sem precedentes da atual direção da FAEES- Federação de Automobilismo do Estado do Espírito Santo.

A frustração dos esportistas capixabas é muito grande, estavam todos motivados pelos bons ventos da mudança que sopravam no início de 2009, quando foi anunciado a homologação da FAEES pela CBA, tendo como presidente nosso magnânimo Hélvio Pichamone, também fundador da ASSEPAK e colaborar na construção do KIS.

Lamentavelmente a grande euforia do momento durou muito pouco. Nem o mais pessimista dos pessimistas ousaria imaginar que, poucos dias após a homologação da FAEES pela CBA em absoluta deferência à história de vida do nosso Hélvio, por uma articulação liderada por dois dos três clubes filiados à recém criada FAEES, convidados a participar do projeto de união idealizado pelo próprio Hélvio, levariam-no a afastar-se do cargo e posteriormente renunciar evitando sua deposição forçada. Hélvio, arrasado, optou por renunciar em prol da continuidade da existência da FAEES, embora na prática já soubesse dos rumos desastrosos que o esporte teria no estado.

Desde então, a atual diretoria da FAEES nada tem feito pelo automobilismo. O kartismo, sem apoio, continua sendo feito há 16 anos pela ASSEPAK e as demais modalidades do automobilismo capixaba não fazem parte da FAEES.

No mesmo ano de 2009, o Campeonato Capixaba de Kart terminou com decisão no “tapetão”. A FAEES decidiu cancelar as duas primeiras etapas do campeonato de 2009 e declarar “seus” campeões. No mesmo ano de 2009, a FAEES iniciou uma perseguição ao clube que promove corridas de protótipos no estado, que por pura falta de habilidade política da atual direção da FAEES não faz parte da mesma.

Desde o início de 2010, a FAEES continuou não fazendo absolutamente nada em prol do esporte, criou problemas com a administração da ASSEPAK suspendendo-a de suas atividades esportivas e vem colecionando ações na Justiça Comum contra pessoas e clubes, além de prestar o desserviço ao esporte ao fazer declarações lamentáveis na imprensa local sobre o KIS homologado pela CBA, dentre outros atos que só enfraquecem o esporte.

Enfim, ditadura é a palavra que dá nome real aos verdadeiros objetivos da malfadada FAEES, que não poupa esforços negativos ao implementar uma agenda nefasta contra o automobilismo local.

Confesso que essas linhas foram escritas violentando meus princípios e idéias, mas após muita reflexão estou convencido que hão de ser lidas por quem de direito, na certeza de que contribuirão para o fim da escuridão que nos assombra...

Ou será que teremos mais dez anos de escuridão?


Guilherme de Almeida

*Nota do Planet Kart:-

Provavelmente em razão das férias de inicio de ano não conseguimos contato com a FAEES- Federação de Automobilismo do Estado do Espírito Santo para que esta dê sua versão dos fatos. De qualquer forma o espaço está aberto e, caso a FAEES tenha interesse em posicionar-se, publicaremos também em inteiro teor, para que pilotos, profissionais do meio e aficionados do esporte possam aquilatar e formar sua opinião própria.